A tranquilidade financeira depende de escolhas conscientes. Muitas pessoas veem o crédito rotativo como uma solução rápida, mas seus juros elevados podem transformar um alívio momentâneo em uma grande preocupação no futuro.
O crédito rotativo é uma linha de crédito automática vinculada ao cartão de crédito. Quando o consumidor não paga o valor integral da fatura, optando por quitar apenas o mínimo, o saldo não pago entra no rotativo e passa a incidir juros compostos.
Esses juros são um dos mais altos do sistema financeiro, frequentemente ultrapassando 300% ao ano. Por sua praticidade, o rotativo é comparado a um “empréstimo de emergência”, mas seu custo pode ser devastador para o orçamento.
Imagine uma fatura de R$ 3.000 na qual você paga apenas R$ 450. Os R$ 2.550 restantes serão direcionados ao crédito rotativo e, no mês seguinte, serão acrescidos de encargos.
Caso a dívida ainda não seja quitada após 30 dias, as instituições financeiras devem oferecer um parcelamento compulsório, com juros menores, conforme regras vigentes desde 2017. Esse mecanismo reduz o prejuízo, mas não elimina o impacto financeiro.
Até outubro de 2023, as taxas de juros do crédito rotativo chegavam a 431,6% ao ano, capaz de transformar R$ 100 em R$ 531,60 em apenas 12 meses de inadimplência. Em 2021, a taxa média registrada pelo Banco Central alcançou 349,6% ao ano.
Com a Lei do Desenrola Brasil, a dívida não pode mais dobrar indefinidamente, oferecendo maior proteção ao consumidor contra índices abusivos.
Apesar dos riscos, o rotativo apresenta algumas facilidades que podem ser úteis em situações pontuais:
Os contras, porém, exigem atenção redobrada:
Especialistas concordam que o rotativo deve ser acionado apenas em situações de emergência, como:
Despesas médicas urgentes, reparos inesperados em casa ou no carro, ou para evitar consequências graves, como a interrupção de um serviço essencial.
Para compras do dia a dia, lazer ou consumo recorrente, existem alternativas mais econômicas, como empréstimos pessoais, consignados ou parcelamento sem juros da própria fatura.
Adotar boas práticas ao recorrer ao crédito rotativo faz toda a diferença:
Suponha uma fatura de R$ 1.000 e o pagamento de apenas R$ 300. O saldo de R$ 700 entra no rotativo e, com juros de cerca de 15% ao mês, sobe para R$ 805 no próximo vencimento.
Se não quitada, essa base continuará a incidir novos encargos, tornando cada vez mais difícil a quitação integral.
O crédito rotativo é uma ferramenta poderosa, mas perigosa quando usada sem planejamento. Reconhecer seu alto custo e entender as regras atuais é o primeiro passo para uma vida financeira mais saudável.
Adote práticas responsáveis e recorra ao rotativo apenas em situações extremas. Com conhecimento e disciplina, você manterá o controle das suas finanças e evitará o maior vilão de qualquer orçamento: a dívida crescente.
Referências