O crédito rotativo do cartão de crédito pode parecer uma solução rápida para quem não consegue quitar a fatura integralmente. No entanto, aquilo que surge como alívio imediato costuma se tornar uma armadilha cheia de juros e dificuldades para milhares de brasileiros.
É fundamental compreender seu funcionamento, impactos e, acima de tudo, estratégias práticas para prevenir essa modalidade onerosa.
O crédito rotativo ocorre quando o consumidor opta por pagar apenas o valor mínimo ou qualquer quantia inferior ao total da fatura até a data de vencimento. O saldo remanescente não quitado passa a ser financiado automaticamente pelo emissor do cartão.
Essa modalidade possui incidência imediata de juros elevados, aplicados diariamente sobre o saldo devedor, tornando-se o jeito mais caro de recorrer a crédito sem planejamento.
Até janeiro de 2024, as taxas de juros do crédito rotativo figuravam entre as mais altas do mercado. Em alguns bancos, ultrapassavam a incrível marca de 400% ao ano. Esse patamar dificultava qualquer tentativa de quitação, pois as dívidas cresciam de forma exponencial em questão de meses.
Apesar das mudanças recentes na legislação, muitos consumidores ainda enfrentam custos elevados quando não conseguem pagar o total da fatura.
O principal perigo do crédito rotativo está no chamado efeito “bola de neve”. Os juros compostos incidem sobre juros acumulados, fazendo com que uma pequena dívida inicial se multiplique rapidamente.
Além disso, muitos consumidores não têm claro o valor real dos custos. Ao pagar apenas o mínimo, a fatura não é totalmente quitada e o saldo permanece, sempre gerando encargos diários.
O desequilíbrio orçamentário resultante pode levar a um ciclo de endividamento crônico, em que novas compras no cartão são financiadas pelas mesmas taxas abusivas.
Em janeiro de 2024, entrou em vigor uma normativa que estabeleceu um teto para as taxas de juros do rotativo. O objetivo principal foi proteger os consumidores de aumentos descontrolados e tornar as dívidas um pouco menos onerosas.
Mesmo com o teto, porém, a taxa do rotativo continua significativamente superior a outras modalidades de crédito, como empréstimo consignado ou crédito pessoal.
É importante conhecer essa regra: quando o consumidor paga o valor mínimo, o banco tem até 30 dias para oferecer uma taxa reduzida ou parcelamento com juros menores. Caso contrário, continuam vigentes as taxas máximas permitidas.
Para não cair nesse ciclo e manter as finanças sob controle, vale adotar algumas práticas de disciplina e planejamento:
Algumas atitudes elevam ainda mais a probabilidade de cair no rotativo e, consequentemente, no endividamento:
Evitar a armadilha do rotativo requer disciplina e informação. Entender o funcionamento dos juros compostos, conhecer seus direitos e planejar os gastos são passos fundamentais para manter a saúde financeira em dia.
Lembre-se de buscar orientação em programas de educação financeira oferecidos por bancos, Procons e entidades de proteção ao crédito. Com conhecimento e hábitos conscientes, é possível usar o cartão de crédito com responsabilidade e segurança.
Assuma o controle do seu orçamento e transforme o cartão de crédito em um aliado, não em uma fonte de problemas.