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Evite ultrapassar o limite, mesmo que o banco permita

Evite ultrapassar o limite, mesmo que o banco permita

22/09/2025 - 10:49
Lincoln Marques
Evite ultrapassar o limite, mesmo que o banco permita

Em um cenário financeiro cada vez mais dinâmico, muitos consumidores encontram segurança aparente ao contar com linhas de crédito pré-aprovadas. No entanto, é fundamental compreender os riscos envolvidos antes de exceder esses limites, mesmo quando o banco oferece essa 'facilidade'. Este artigo analisa aspectos práticos, legais e financeiros, além de fornecer orientações para evitar armadilhas onerosas.

O que são Limites Bancários

Os limites bancários são mecanismos criados pelas instituições financeiras para oferecer liquidez imediata ao cliente. Entre os mais comuns estão o cheque especial e a margem consignável.

  • Cheque especial: uma linha de crédito pré-aprovada que permite ao correntista ter acesso automático ao saldo negativo sem necessidade de formalização a cada uso.
  • Margem consignável: parcela da renda mensal comprometida por lei, usada para desconto automático de parcelas de empréstimos destinados a servidores públicos, aposentados e pensionistas.

Os bancos oferecem essas facilidades para fidelizar clientes e gerar receita com juros. Entre os públicos-alvo estão trabalhadores com renda estável, aposentados e profissionais de setores públicos, que apresentam menor risco de inadimplência.

Legislação e Limites

A regulamentação de limites de crédito envolve dispositivos legais que visam proteger o consumidor e estabelecer regras claras para as instituições.

  • Margem consignável: o percentual máximo permitido é 35% da renda líquida, podendo chegar a 40% em caso de contratação de cartão consignado, conforme normas do INSS e do Banco Central.
  • Empréstimos e financiamentos firmados entre particulares têm limite de juros de 12% ao ano, mas bancos seguem a Lei 4.595/64 e decisões judiciais para definir suas taxas.
  • Cartões de crédito: desde 2024, o valor da dívida em rotativo ou parcelamento não pode ultrapassar 100% do valor principal da fatura.

Essas regras visam frear práticas abusivas de cobrança e impedir que o consumidor seja surpreendido por encargos desproporcionais.

Consequências de Ultrapassar o Limite

Superar o limite bancário pode parecer uma solução rápida para lidar com imprevistos, mas traz consequências graves:

  • Juros elevados: no cheque especial, podem ultrapassar 8% ao mês (cerca de 150% ao ano), além de ciclo vicioso de juros elevados quando não há pagamento integral.
  • Multas sobre valores excedentes: 0,25% ao mês para quantias acima de R$ 500, segundo normas do Conselho Monetário Nacional.
  • Inclusão em órgãos de proteção ao crédito (Serasa, SPC), dificultando obtenção de novos empréstimos ou financiamentos.
  • Ações judiciais: bancos podem mover processos cobrando valores devidos, acrescidos de honorários advocatícios e custas.

No caso da margem consignável, o excedente é considerado ilegal:

  • Nulidade parcial do contrato: o valor que ultrapassa o teto de 35% possui vício de legalidade e pode ser anulado judicialmente.
  • Possibilidade de restituição em dobro dos valores pagos indevidamente, caso fique comprovada a má-fé da instituição.
  • Penalidades ao banco: multas pelo Banco Central e ações civis públicas por descumprimento de regulamentações.

Motivos para NÃO Ultrapassar o Limite

Mesmo que o banco permita, existem razões sólidas para manter o uso do crédito dentro dos limites:

1. Risco de superendividamento e perda do controle financeiro, comprometendo despesas básicas e bem-estar.

2. Juros muito superiores a outras modalidades de empréstimo, tornando a dívida cada vez mais cara.

3. Impacto no histórico de crédito, dificultando negociações futuras e aumentando custos de financiamentos.

4. Práticas abusivas podem ser contestadas, mas envolvem tempo e custos judiciais.

Prevenção e Orientações

Para evitar as armadilhas do crédito fácil, siga estas dicas:

  • Monitore seu extrato diariamente e ative avisos de saldo em aplicativos bancários.
  • Se perceber dificuldade no pagamento, negocie imediatamente com o banco para parcelar ou renegociar encargos.
  • Priorize linhas de crédito com taxas mais baixas, como empréstimos consignados dentro dos limites legais.
  • Considere consultar orientação jurídica se houver cobrança de valores ilegais ou contratos abusivos.
  • Cancele o cheque especial quando não estiver usando e mantenha apenas o limite essencial.

Repercussões Jurisprudenciais

Decisões judiciais recentes têm reforçado a proteção ao consumidor, declarando a nulidade de parcelas que ultrapassam a margem consignável e determinando a devolução de valores pagos em excesso. Tribunais superiores vêm entendendo que a transparência é requisito obrigatório e que a boa-fé objetiva deve orientar toda relação de consumo.

A título de exemplo, em 2022, um acórdão do STJ reconheceu a margem consignável excedida ilegalmente e impôs à instituição financeira a devolução em dobro do valor cobrado além dos limites. Casos como esse reforçam a importância de conhecer os próprios direitos e agir prontamente quando identificar irregularidades.

Concluindo, ultrapassar o limite bancário pode parecer uma solução imediata, mas gera consequências duradouras e onerosas. Ao compreender a natureza de cada tipo de crédito, as regras legais e os riscos envolvidos, você estará melhor preparado para tomar decisões conscientes e manter sua saúde financeira em equilíbrio.

Lembre-se: perda de controle financeiro pessoal começa com pequenos desvios de planejamento. Portanto, antes de recorrer a qualquer linha de crédito, avalie outras alternativas, negocie com a instituição e mantenha seu orçamento sempre sob controle.

Lincoln Marques

Sobre o Autor: Lincoln Marques

Lincoln Marques, 34 anos, é redator no fludit.com, especializado em soluções financeiras acessíveis e práticas para quem busca equilibrar o crédito pessoal e melhorar sua saúde financeira.