Em um país onde o acesso ao crédito se tornou amplo e facilitado, torna-se fundamental refletir sobre as consequências de recorrer a empréstimos apenas para satisfazer desejos de consumo sem planejamento.
Nos últimos anos, o crédito tornou-se onipresente em toda a sociedade brasileira. Modalidades como empréstimo consignado, cartão de crédito, empréstimo pessoal e até financiamentos vinculados à conta de luz proliferaram, oferecendo facilidade de aprovação quase imediata.
Esse contexto estimulou o consumo, aquecendo o varejo e o turismo. No entanto, também criou um ambiente propício ao endividamento sem controle, com cerca de 73 milhões de pessoas endividadas, equivalendo a 77% das famílias brasileiras.
Ofertas agressivas de instituições financeiras, publicidade que promete solução rápida e pouca avaliação prévia da saúde financeira do consumidor são fatores que empurram muitos a contratarem empréstimos para compras supérfluas ou viagens.
Além disso, a falta de educação financeira faz com que muitos enxerguem o empréstimo não como uma dívida, mas como uma extensão artificial da renda. Em momentos de vulnerabilidade emocional, como desemprego ou problemas pessoais, a busca por crédito fácil se intensifica.
Além dos riscos financeiros, surgem impactos psicológicos como ansiedade e depressão, e até casos de fraudes em modalidades como o e-consignado, onde o consumidor descobre empréstimos que nunca solicitou.
Segundo dados do Banco Central e de órgãos de defesa do consumidor:
Os valores podem variar muito, mas evidenciam como o fácil acesso ao crédito pode custar caro a médio e longo prazo.
A Lei nº 14.181/2021, conhecida como Lei do Superendividamento, estabelece garantia do mínimo existencial, impedindo que o consumo de crédito prejudique condições básicas de vida.
O Código de Defesa do Consumidor complementa essa proteção, exigindo transparência nas informações sobre juros, prazos e penalidades. Em caso de superendividamento, o consumidor pode buscar a renegociação com os credores ou recorrer à Justiça para revisão de contratos abusivos.
Renegociar dívidas existentes, antes de buscar novo crédito, também é uma saída inteligente e pode resultar em redução de juros e prazos mais adequados.
O verdadeiro custo do crédito fácil recai sobre o consumidor vulnerável, que acaba sacrificando seu bem-estar e seus direitos fundamentais. Enquanto isso, instituições financeiras lucram com as altas taxas de juros e a rotatividade constante do crédito.
Evitar o empréstimo para consumo imediato significa assumir compromisso com o próprio futuro, proteger sua qualidade de vida e fortalecer sua segurança financeira. Ao adotar práticas simples de controle orçamentário e poupança, você constrói uma trajetória mais equilibrada e resiliente diante das intempéries econômicas.
Referências