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Gerenciamento ativo vs. passivo: Qual o melhor para você?

Gerenciamento ativo vs. passivo: Qual o melhor para você?

04/11/2025 - 07:08
Yago Dias
Gerenciamento ativo vs. passivo: Qual o melhor para você?

Ao decidir onde investir seu capital, você se depara com duas abordagens centrais no universo financeiro: a gestão ativa e a gestão passiva. Cada caminho traz características únicas, custos, riscos e oportunidades. Neste artigo, vamos guiar você por conceitos, exemplos práticos, vantagens, desvantagens e recomendações, ajudando a escolher a estratégia mais alinhada aos seus objetivos.

Introdução ao tema

Em linhas gerais, gestão ativa busca superar o índice de referência, enquanto a gestão passiva replica fielmente esse mesmo indicador.

Os investidores enfrentam essa decisão diariamente, pois ela pode significar a diferença entre uma carteira que cresce de forma impulsionada por oportunidades específicas ou outra que segue o mercado de modo estável e previsível.

Entender o funcionamento de cada abordagem é essencial para adaptar o seu portfólio ao perfil de risco, ao horizonte de investimento e às taxas que você está disposto a pagar.

Conceitos e funcionamento

No modelo de gestão ativa, o gestor tem liberdade total para escolher ativos, ajustar posições conforme cenários econômicos e aproveitar oportunidades pontuais. Ele realiza análises profundas de empresas, setores, indicadores macroeconômicos e tendências de mercado.

Exemplos típicos incluem fundos de ações geridos por equipes especializadas, fundos multimercado que combinam renda fixa e variável e estratégias que buscam setores menos explorados.

Já a gestão passiva foca em replicar o desempenho de um benchmark predefinido. O gestor não busca superar o índice, mas sim seguir regras automáticas de composição de ativos, mantendo proporções fixas conforme a evolução do indicador.

Os veículos mais conhecidos são os ETFs (Exchange Traded Funds), fundos referenciados a índices como Ibovespa, S&P 500 ou IBRX. A intervenção humana é mínima, reduzindo custos e tornando a estratégia altamente transparente.

Principais diferenças

Para visualizar as distinções de forma clara, confira a tabela a seguir:

Cada uma dessas diferenças deve ser ponderada conforme seu apetite de risco, seus objetivos financeiros e seu grau de envolvimento no acompanhamento dos investimentos.

Benchmark e exemplos práticos

Os principais benchmarks utilizados incluem o CDI para renda fixa, o Ibovespa e o IBRX para renda variável, além de índices internacionais como S&P 500 e Nasdaq.

No universo passivo, destacam-se ETFs como BOVA11 (Ibovespa) e IVVB11 (S&P 500). Esses fundos possuem alta liquidez e taxas de administração que variam entre 0,1% e 0,5% ao ano.

Em ambientes ativos, gestores renomados buscam empresas fora do radar do mercado ou exploram oportunidades setoriais em mercados ineficientes, visando geração de alfa acima da média histórica.

Vantagens

Cada abordagem apresenta pontos fortes que podem ser determinantes dependendo do momento econômico e do perfil de quem investe.

  • Potencial de rendimento superior ao índice em mercados turbulentos;
  • Flexibilidade para proteger a carteira em crises;
  • Possibilidade de personalização conforme a visão do gestor;
  • Adaptação rápida a eventos macroeconômicos e mudanças setoriais.
  • Baixo custo operacional e tributário, devido à menor rotatividade;
  • Transparência total na composição do portfólio;
  • Ausência de viés emocional nas decisões de investimento;
  • Retornos alinhados ao mercado, com previsibilidade de longo prazo.

Desvantagens

Na gestão ativa, as taxas de administração e performance podem reduzir significativamente os ganhos, e poucos gestores conseguem manter resultados acima do benchmark de forma consistente. Além disso, a alta rotatividade gera maior tributação sobre ganhos de capital.

Para a abordagem passiva, a maior limitação é a impossibilidade de “bater o mercado”. O investidor aceitará que o retorno seja sempre equivalente ao índice escolhido, sem poder aproveitar eventos pontuais de alta ou crises específicas.

Outro ponto é a exposição a possíveis distorções de valuation ou bolhas que afetem o índice como um todo, sem que o gestor possa intervir para mitigar esses riscos.

Números e estatísticas

Estudos do SPIVA e da ANBIMA indicam que mais de 80% dos fundos ativos não conseguem superar seus benchmarks no longo prazo, considerando taxas e impostos. No Brasil, aproximadamente 85% dos fundos de ações ativos ficaram abaixo do Ibovespa em horizontes superiores a cinco anos até 2023.

No exterior, apenas cerca de 10% a 20% dos fundos de ações nos EUA batem o S&P 500 de forma consistente durante uma década, após descontar custos.

Perfil do investidor: para quem cada tipo é indicado

Gestão ativa costuma atender investidores que buscam retornos acima da média, aceitam volatilidade maior e estão dispostos a acompanhar o desempenho do gestor de perto. Ideal para quem confia em uma equipe especializada e em análises detalhadas.

Já a gestão passiva é recomendada para quem possui perfil mais conservador ou deseja simplicidade, focar nos custos baixos e obter rentabilidade alinhada ao mercado sem surpresas. É também excelente para quem não tem tempo ou disposição para monitorar o mercado diariamente.

Tendências e mercado atual

Globalmente, a gestão passiva cresce em ritmo acelerado. No Brasil, o volume de ativos em ETFs triplicou entre 2018 e 2023. O surgimento de estratégias de “beta inteligente” traz uma fusão entre fatores de valor, tamanho, dividendos e momentum, mesclando aspectos ativos e passivos.

Esse movimento híbrido busca otimizar retornos reduzindo custos, equilibrando exposição a fatores de risco e aumentando a diversificação.

Como escolher? Pontos para reflexão

Antes de tomar uma decisão, avalie cuidadosamente:

  • Objetivos financeiros (crescimento, proteção, renda);
  • Horizonte de investimento (curto, médio, longo prazo);
  • Perfil de risco e tolerância à volatilidade;
  • Nível de envolvimento desejado na gestão da carteira;
  • Custos operacionais e tributários que você aceita;
  • Confiança no gestor versus confiança na eficiência dos mercados.

Em muitos casos, a combinação de ambos os estilos ou o uso de estratégias híbridas podem oferecer um equilíbrio entre custo, risco e potencial de retorno.

Recomendações práticas

Se optar pela gestão ativa, pesquise o histórico de desempenho após taxas, a reputação da gestora e a consistência dos resultados em diferentes ciclos de mercado. Confira também cláusulas de taxas de performance e prazos de carência.

Na gestão passiva, analise a liquidez dos ETFs ou fundos referenciados, as taxas de administração e a rastreabilidade em relação ao índice. Considere diversificar em índices internacionais para reduzir correlações nacionais.

Por fim, mantenha disciplina: revise sua carteira periodicamente, mas evite mudanças frequentes motivadas por ruídos de curto prazo. O equilíbrio entre ativos ativos e passivos pode ser a chave para um portfólio robusto e alinhado aos seus objetivos.

Yago Dias

Sobre o Autor: Yago Dias

Yago Dias, 29 anos, é redator no fludit.com, especializado em como a educação financeira pode transformar a vida das pessoas.