Em um mercado cada vez mais competitivo, as redes de varejo buscam fidelizar clientes oferecendo seus próprios cartões de crédito. Embora as propostas pareçam vantajosas, é essencial compreender as condições antes de aceitar qualquer oferta.
Este artigo apresenta um panorama completo sobre os cartões emitidos por lojas, abordando tipos, vantagens, riscos e dicas práticas para você tomar decisões conscientes e proteger seu orçamento familiar.
Os cartões de lojas dividem-se em duas categorias principais. Os private label são exclusivos da rede, aceitos apenas nas próprias unidades. Já os cartões co-branded com bandeira Visa ou Mastercard podem ser usados em qualquer estabelecimento que aceite a bandeira. A burocracia para aprovação costuma ser menor, com exigência reduzida de comprovação de renda ou documentação.
Para as lojas, esse produto financeiro é uma poderosa ferramenta de fidelização. Ao concentrar as compras em uma única rede, o consumidor costuma retornar com mais frequência, gerando aumento de receita. Muitas vezes, a oferta é realizada de forma insistente no momento da compra, tirando a autonomia do cliente e induzindo a uma decisão impulsiva.
As redes destacam uma série de benefícios para atrair novos cartões. Embora alguns sejam atrativos, é crucial avaliar o impacto financeiro no longo prazo.
Por trás das facilidades, escondem-se taxas de juros elevadas e riscos que podem comprometer o controle financeiro. Muitas famílias recorrem a esse crédito para rolar dívidas de um cartão para outro, criando uma verdadeira bola de neve.
O Brasil lidera o uso de cartão de crédito em comparação a economias mais desenvolvidas. Segundo o Banco Central, 60% da população utiliza esse meio de pagamento, enquanto em países ricos o índice é de 51%. A circulação de cartões é intensa, praticamente dois por pessoa economicamente ativa.
Em outubro de 2022, a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic/Agência Brasil) indicou que mais de 85% dos brasileiros com cartão tinham contas a pagar. A desigualdade socioeconômica faz com que clientes de baixa renda, buscando acesso ao crédito, se tornem mais vulneráveis ao endividamento crônico.
O rotativo permite pagar apenas o valor mínimo da fatura, mas a facilidade vira armadilha quando a dívida cresce de forma exponencial. As altas taxas são a principal fonte de receita das instituições financeiras das lojas.
Ao optar pelo pagamento mínimo, o cliente assume um saldo que, no mês seguinte, sofre incidência de juros. E, se esse valor não for quitado integralmente, a dívida se amplia ainda mais. Esse ciclo, denominado "ciranda de cartões", compromete gravemente o orçamento familiar e pode levar à negativação nos órgãos de proteção ao crédito.
Especialistas do IDEC alertam que o limite incompatível com a renda do consumidor amplia o risco de inadimplência. Para o Procon-SP, a variação de tarifas pode chegar a 492% entre modalidades de cartão. Ambos recomendam cautela em ofertas de crédito facilitado.
Segundo Ione Amorim, do IDEC: “Essa ciranda é muito perigosa e acaba levando o consumidor a uma incapacidade de pagamento.” Órgãos de defesa reforçam a importância de ler o contrato, questionar taxas e não ceder à pressão no ponto de venda.
Antes de aceitar um cartão de loja, avalie cuidadosamente o custo-benefício. Considere estas práticas:
Decisões financeiras conscientes exigem informação e disciplina. Ao compreender todos os custos envolvidos, você evita surpresas ruins e preserva sua saúde financeira.
Em um cenário de crescente oferta de crédito, o consumidor atento faz a diferença. Recuse propostas feitas sob pressão e priorize instituições que apresentem transparência total nas condições. Assim, você usufrui do crédito de forma saudável, sem comprometer seus sonhos e sua estabilidade.
Referências