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Tenha cuidado com cartões oferecidos por lojas

Tenha cuidado com cartões oferecidos por lojas

02/08/2025 - 05:20
Lincoln Marques
Tenha cuidado com cartões oferecidos por lojas

Em um mercado cada vez mais competitivo, as redes de varejo buscam fidelizar clientes oferecendo seus próprios cartões de crédito. Embora as propostas pareçam vantajosas, é essencial compreender as condições antes de aceitar qualquer oferta.

Este artigo apresenta um panorama completo sobre os cartões emitidos por lojas, abordando tipos, vantagens, riscos e dicas práticas para você tomar decisões conscientes e proteger seu orçamento familiar.

Cartões de loja: como funcionam e por que são oferecidos

Os cartões de lojas dividem-se em duas categorias principais. Os private label são exclusivos da rede, aceitos apenas nas próprias unidades. Já os cartões co-branded com bandeira Visa ou Mastercard podem ser usados em qualquer estabelecimento que aceite a bandeira. A burocracia para aprovação costuma ser menor, com exigência reduzida de comprovação de renda ou documentação.

Para as lojas, esse produto financeiro é uma poderosa ferramenta de fidelização. Ao concentrar as compras em uma única rede, o consumidor costuma retornar com mais frequência, gerando aumento de receita. Muitas vezes, a oferta é realizada de forma insistente no momento da compra, tirando a autonomia do cliente e induzindo a uma decisão impulsiva.

Vantagens anunciadas: marketing sedutor vs. realidade financeira

As redes destacam uma série de benefícios para atrair novos cartões. Embora alguns sejam atrativos, é crucial avaliar o impacto financeiro no longo prazo.

  • Descontos imediatos na primeira compra, válidos apenas para determinados produtos.
  • Parcelamentos longos sem juros, às vezes em até 24 ou 30 vezes.
  • Programas de cashback ou pontos, com regras muitas vezes restritas.
  • Atendimento exclusivo, como fila expressa em caixas físicos e cinema com desconto.

Os principais riscos: juros, endividamento e falta de transparência

Por trás das facilidades, escondem-se taxas de juros elevadas e riscos que podem comprometer o controle financeiro. Muitas famílias recorrem a esse crédito para rolar dívidas de um cartão para outro, criando uma verdadeira bola de neve.

  • Juros rotativos que podem chegar a 19,95% ao mês em financeiras, equivalendo a quase 450% ao ano.
  • Limites de crédito frequentemente incompatíveis com a renda real do consumidor.
  • Confusão entre desconto pontual e economia efetiva, quando juros eliminam qualquer ganho.
  • Pressão psicológica no momento da oferta, incentivando decisões impulsivas.
  • Dificuldade de acessar informações claras sobre tarifas e encargos.

Dados sobre o uso de cartões no Brasil e perfil do consumidor

O Brasil lidera o uso de cartão de crédito em comparação a economias mais desenvolvidas. Segundo o Banco Central, 60% da população utiliza esse meio de pagamento, enquanto em países ricos o índice é de 51%. A circulação de cartões é intensa, praticamente dois por pessoa economicamente ativa.

Em outubro de 2022, a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic/Agência Brasil) indicou que mais de 85% dos brasileiros com cartão tinham contas a pagar. A desigualdade socioeconômica faz com que clientes de baixa renda, buscando acesso ao crédito, se tornem mais vulneráveis ao endividamento crônico.

A armadilha do rotativo: quando o benefício vira prejuízo

O rotativo permite pagar apenas o valor mínimo da fatura, mas a facilidade vira armadilha quando a dívida cresce de forma exponencial. As altas taxas são a principal fonte de receita das instituições financeiras das lojas.

Ao optar pelo pagamento mínimo, o cliente assume um saldo que, no mês seguinte, sofre incidência de juros. E, se esse valor não for quitado integralmente, a dívida se amplia ainda mais. Esse ciclo, denominado "ciranda de cartões", compromete gravemente o orçamento familiar e pode levar à negativação nos órgãos de proteção ao crédito.

O que dizem especialistas e órgãos de defesa do consumidor

Especialistas do IDEC alertam que o limite incompatível com a renda do consumidor amplia o risco de inadimplência. Para o Procon-SP, a variação de tarifas pode chegar a 492% entre modalidades de cartão. Ambos recomendam cautela em ofertas de crédito facilitado.

Segundo Ione Amorim, do IDEC: “Essa ciranda é muito perigosa e acaba levando o consumidor a uma incapacidade de pagamento.” Órgãos de defesa reforçam a importância de ler o contrato, questionar taxas e não ceder à pressão no ponto de venda.

Dicas práticas para evitar problemas

Antes de aceitar um cartão de loja, avalie cuidadosamente o custo-benefício. Considere estas práticas:

  • Comparar taxas e condições antes de assinar o contrato.
  • Estabelecer um limite de gastos compatível com seu orçamento mensal.
  • Avaliar se os benefícios reais superam as possíveis taxas de atraso.
  • Evitar parcelamentos que comprometam compromissos futuros.
  • Manter controle rigoroso de faturas e datas de vencimento.

Decisões financeiras conscientes exigem informação e disciplina. Ao compreender todos os custos envolvidos, você evita surpresas ruins e preserva sua saúde financeira.

Em um cenário de crescente oferta de crédito, o consumidor atento faz a diferença. Recuse propostas feitas sob pressão e priorize instituições que apresentem transparência total nas condições. Assim, você usufrui do crédito de forma saudável, sem comprometer seus sonhos e sua estabilidade.

Lincoln Marques

Sobre o Autor: Lincoln Marques

Lincoln Marques, 34 anos, é redator no fludit.com, especializado em soluções financeiras acessíveis e práticas para quem busca equilibrar o crédito pessoal e melhorar sua saúde financeira.